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6.2.23

Observação de aves

Observação de aves e ecoturismo

A maioria dos observadores de aves praticam tal atividade devido a razões sociais ou de lazer, principalmente em campings, diferenciando-se assim dos ornitólogos que utilizam de metodologias científicas para tal atividade.
A observação de aves é o passeio de ecoturismo que tem como objetivo a exploração das aves em seu habitat natural, sem interferir no seu comportamento ou no seu ambiente.
Camping Selvagem
A ornitologia tem por objetivo promover o amor aos pássaros e aves e trabalhar pela sua proteção. 
Tal roteiro constitui uma forma legítima de exploração ecoturística das áreas naturais, visto ser uma prática de baixo impacto. 

O público que procura este tipo de atividade é um público específico que possui alto grau de consciência ambiental, estando atento e adotando seriamente as práticas de mínimo impacto em ambientes naturais.
Camping Selvagem
A prática de observação de aves, hobby antigo na Europa e nos Estados Unidos, vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. Não existem estatísticas oficiais, mas o WikiAves – site de conteúdo interativo direcionado à comunidade brasileira de observadores de aves – tem 17.452 usuários cadastrados, dos quais muitos são praticantes dessa atividade. 

A maioria deles está concentrada em seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Ser ou tornar-se um observador de aves ou birdwatcher – cuja data nacional é comemorada em 28 de abril – é relativamente simples. A atividade pode ser realizada por todas as pessoas, independente de suas limitações. Para iniciar, é preciso ter interesse, vontade e alguma dedicação.


“Eu costumo dizer que, para ser um observador de aves, basta ser um apaixonado pela natureza e pela sua fauna”, diz Luciano Breves, birdwatcher assumido e fundador do projeto Ornithos, portal que divulga imagens ao vivo de aves, captadas diretamente do habitat das espécies.
 
Segundo Breves, o desafio de observar o maior número de espécies exerce nos praticantes o mesmo fascínio de colecionadores. “É como montar um álbum de figurinhas, em que cada novo exemplar avistado é comemorado”, compara.

Quais locais para observação de aves?

Lugares que possuem vocação natural para a exploração dessa atividade são áreas naturais em bom estado de conservação, com boa infraestrutura receptiva e que já possuam catalogadas as espécies de aves que ocorrem na área. 
Em geral, os roteiro de observação de aves são desenvolvidos primordialmente em trilhas e horários distintos dos utilizados no programa turístico normal, e são acompanhados de guia especializado.

Quais locais em território brasileiro?

No Sudeste do Brasil, próximo ao Rio de Janeiro, na reserva florestal de Macaé de Cima, podem ser vistas espécies de pássaros quase extintas no resto do Brasil, pois esta reserva representa 70% de mata verde existente no sudeste, atrás em importância apenas da floresta amazônica.

Também nos Sudeste, entre Rio e São Paulo, encontra-se outra região apropriada para esta atividade. Devido a extensão e preservação do local, a Serra da Bocaina possui uma lista muito grande de espécie de aves, dos mais variados tamanhos, formas, cores e cantos.
Exemplo: Murucututu-de-barriga-amarela, Andorinhão-do-temporal, Maria-preta-de-bico-azulado, entre outros.
Outro local de grande interesse para a prática desta atividade é em Petrópolis-RJ. Sua lista já conta com mais de 190 espécies distintas de aves, com destaque para a Choca da Taquara (Biatas nigropectus) e o Azulão (Cyanocompsa brissonii).


★★★ Parque Nacional da Lagoa do Peixe

No Parque Nacional da Lagoa do Peixe lotado de pássaros "entre outubro e abril", milhares de aves, migratórias e locais, dividem o espaço com caranguejos e animais silvestres ou das fazendas ao redor. Você ficará maravilhado com os cenários e a oportunidade de passarinhar com biólogos especialistas no assunto.

A Lagoa do Peixe, no leste do Rio Grande do Sul, estava há anos na minha lista de desejos e as pessoas se surpreendem por eu ter levado tanto tempo para conhecer. 
Afinal, para quem olha no mapa, basta atravessar a Lagoa dos Patos a partir da minha cidade natal, Pelotas; ou dirigir 200 km quilômetros a partir da capital Porto Alegre. 

Na prática, não é tão simples assim porque boa parte do caminho se chamava “estrada do inferno” até poucos anos atrás. 
E a balsa só faz a travessia no final da BR-101, conectando os municípios Rio Grande a São José do Norte, quando as condições climáticas são boas. Ou seja, a Lagoa do Peixe ficou séculos isolada e isto foi ótimo para preservar esse refúgio de importância mundial para as aves migratórias. 

A unidade de conservação ambiental foi criada na década de 80 a fim de proteger tanto o ecossistema litorâneo do Rio Grande do Sul quanto os pássaros que migram até o local. 
Desde então, foi reconhecida pela Unesco como zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica; declarada Sítio Ramsar (lista das zonas úmidas de importância internacional); e incluído na Rede Hemisférica de Reservas para Aves Limícolas.

O que fazer no Parque

A Lagoa do Peixe vem ganhando visibilidade pelo crescente número de praticantes de Birdwatching, mas é visitada há anos por jipeiros, motoqueiros e fotógrafos. 
Os últimos em busca de fotografar a via láctea, além da natureza. 
Inclusive, um boato diz ser possível visualizar a aurora austral por ali, até o momento ninguém conseguiu confirmar o fenômeno. 

Durante todo ano é possível encontrar animais marinhos descansando na praia ou avistar no mar como baleias e tartarugas. 
Quem não está interessado em natureza, vai encontrar um refúgio silencioso com oportunidade de experimentar a gastronomia e conviver com a comunidade. 

São pessoas simples e, ao mesmo tempo, de personalidade forte. 
A economia da região tem como base agricultura, pesca e pecuária de pequenos e grandes produtores rurais. 
Os pratos típicos do povo de Mostardas diz ser o cordeiro salobro; enquanto o de Tavares se orgulha do camarão empanado (encharcado de limão) da Lagoa do Peixe. 

Como visitar

Hoje é muito mais fácil de chegar e tem boa estrutura em hospedagem, alimentação e passeios nas cidades de Mostardas e Tavares. 
Mas o parque é selvagem, exigindo veículos 4×4 para não atolar, e está longe de ter a estrutura encontrada nos parques nacionais mais famosos. 

Por outro lado, tem a vantagem do custo acessível para estar em um cenário único no Brasil e a tranquilidade de visitar um lugar com poucos turistas. 
Os acessos são por quatro trilhas (estradas de terra ou beira do mar), entre os municípios de Tavares e Mostardas. 

Os principais pontos de interesse são as pontes de madeira, trechos de mata nativa, o Farol de Mostardas e a Barra da Lagoa.
Cortam áreas de restinga, banhados e dunas até chegar à praia, que fica fora dos limites da unidade de conservação e pertence à Mostardas. 
Nos 13 km é possível avistar inúmeras espécies de aves como maçaricos, garças e batuíras. Já na praia, estava repleto de trinta-réis, gaivotões e outros tipos de maçaricos.

Como chegar

O acesso mais prático por asfalto é feito a partir de Porto Alegre, através da RS-040 até Capivari do Sul; dali siga pela BR-101 até Mostardas. 
Então é preciso um carro 4×4 até uma das entradas localizadas entre os municípios de Mostardas e Tavares. 

Se estiver no sul do Estado, o trajeto mais perto é ir até Rio Grande; pegar a balsa até São José do Norte e seguir pela BR-101.
Existe transporte público pinga-pinga entre Porto Alegre e São José do Norte, e vice e versa, três vezes por dia. 
Porém, é difícil encontrar informação na Internet e as rodoviárias locais não abrem o dia todo para atender o telefone. Vá sem medo, mas considere um dia de viagem para ir e outro para voltar.

Uma das exclusividades da Lagoa do Peixe é praticar "observação de aves"
Afinal, é um ambiente não encontrado em outro lugar do Brasil. 
O Parque é um santuário ecológico considerado um dos mais importantes refúgios para aves migratórias da América do Sul. 

Serve como local de alimentação e descanso para as aves manterem a energia e continuarem seu ciclo vital. Como ocorre com os maçaricos que viajam 16 mil quilômetros do Alasca até a Patagônia para fugir do frio e fazem o caminho de volta, todos os anos, para se reproduzirem no verão do hemisfério norte. 

Nesta longa jornada, fazem apenas cinco paradas e o Maçarico-de-papo-vermelho está em perigo iminente de extinção. 
Ou com os flamingos chilenos. Ave símbolo do parque vem do Atacama e este é o único lugar no Brasil onde pode ser avistada.
Esta região é tão importante para as aves migratórias que recebe um evento nacional, organizado anualmente, para buscar soluções de preservação de todo meio ambiente envolvido. 

Passarinhando - Birdwatching

Espécies da localidade


Informe-se sobre as espécies de aves que habitam o local que você escolheu para passarinhar. Pesquise sobre o comportamento de cada família ou gênero. 
Existem vários guias especializados que podem ser usados para consulta. Ir ao lugar certo e saber o que procurar é o primeiro passo para uma boa passarinhada.

Use trajes adequados

Se você for entrar em uma área florestal, deve usar uma roupa discreta e, de preferência, camuflada com o ambiente para evitar que a ave se assuste e fuja. 
Use tons mais escuros de verde para mata e cerradão e tons mais claros de verde ou cáqui para cerrados baixos e campos. De modo geral, sua chance de ver e fotografar aves em vida livre aumenta se o seu disfarce é bom.

Fique em silêncio

O silêncio e uma caminhada silenciosa são fundamentais para não espantar as aves. 
Limite a conversa ao mínimo essencial e pise ‘leve’, sobretudo se a trilha está coberta de folhas secas. Se for preciso afastar ramos com as mãos, faça isso devagar. Quando encontrá-las, não se aproxime muito para não assustá-las.

Não se aproxime muito

Chegar perto demais de uma ave silvestre pode oferecer risco, para você e para ela. 
Há chance de transmissão de doenças (de você para a ave e vice-versa) e de acidentes (arranhões ou bicadas). 
Evite, sobretudo, tocar filhotes, mesmo quando parecem abandonados. Muitos filhotes ficam sozinhos enquanto os pais buscam alimento e sua interferência gera estresse.

Preste atenção aos horários

As primeiras horas da manhã e o final da tarde são os horários de maior atividade das aves. 
Mas algumas espécies têm hábitos diferenciados, portanto, procure saber os horários e as épocas do ano de maior atividade de cada uma. 
Corujas, urutaus, bacuraus… só poderão ser observadas durante a noite.
Use um equipamento de observação
O uso de equipamentos se torna essencial para uma boa observação:

Binóculos

O mais básico deles é o binóculo, Indispensável para uma boa observação. Escolha um modelo com aumento de pelo menos 8 a 10 vezes e boa luminosidade. Geralmente são os binóculos com lentes de diâmetro maior, que também são mais fáceis de focar.

Isso ajuda muito na hora de encontrar a ave em meio a folhagens antes que ela voe. 
Existem binóculos com dispositivo para reduzir vibrações, o que é interessante, porém custam mais caro. 
Confira ainda o peso dos vários modelos e prefira o mais leve. Depois de vários minutos segurando os binóculos na altura dos olhos ou algumas horas levando-os pendurados no pescoço, o peso começa a fazer diferença.

Playback

Também pode-se usar um playback, a melhor opção é um equipamento de MP3 que grave e reproduza sons com clareza. 
É mais leve, tão eficiente quanto o velho gravador de fita cassete, e suficiente para fins de observação. Boa parte dos observadores faz suas próprias gravações e as reproduz de imediato. 

Mas também é possível adquirir CDs com cantos de diversas aves, como a edição Vozes da Amazônia Brasileira, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com 340 espécies de aves em 4 CDs. Grandes livrarias e lojas especializadas em artigos para biólogos têm algumas opções de CDs à venda, caso da Livraria Cultura. 

Câmeras fotográficas

Outra alternativa é utilizar câmeras fotográficas. A popularização das câmeras digitais também aliviou o peso do equipamento de campo dos observadores, multiplicando as boas fotos. 
Se você pretende comprar uma câmera principalmente para fotografar as aves observadas, prefira uma com mais de 5 Megapixels (e a configure em alta resolução). 
As lentes com zoom são mais práticas, pois você ajusta rapidamente ao lugar em que a ave aparece: mais próxima ou mais distante.

A opção grande angular (primeiro número do zoom) não precisa ser menor do que 28 mm. Já a opção teleobjetiva (o segundo número do zoom) deve ser superior a 400 mm, quanto mais, melhor. 
Cuidado com o zoom digital, pois o resultado nem sempre é bom. 
Opte por lentes com zoom real superior a 400 mm. 
E atenção ao detalhe da luminosidade da lente: prefira as mais luminosas (pelo menos 3.2) para não precisar recorrer muito ao flash. 

Os modelos que permitem tanto focagem automática como manual são mais indicados. 
Embora o foco automático ajude muito quando a ave está em movimento, o foco manual é essencial para uma boa foto em ambientes com vegetação densa. 

Frequentemente, se há detalhes demais em quadro, a câmera automática não consegue ‘decidir’ o que deve ser focado e você pode acabar só com as folhas nítidas e a ave desfocada. 
Se puder optar, prefira as câmeras SLR, que permitem visualização através da própria lente e, portanto, mostram fielmente o enquadramento que sairá na foto. 
Essas câmeras, mesmo digitais, ainda permitem trocar as lentes e optar por diversos modos de exposição.

Tem dúvidas sobre comprar uma boa câmera? Nas melhores lojas você encontra; um bom exemplo é esta:
Câmera de Ação Gopro Hero 4 Silver 12 MP Tela LCD Touchscreen Prata.


Flash – A maioria das câmeras digitais já vem com flash acoplado e dá a opção de acioná-lo como contraluz, ou seja, para compensar a luminosidade do céu e mostrar a ave pousada no alto de uma árvore. Assim você consegue mais detalhes do que a simples silhueta da ave e a reprodução mais fiel do colorido da plumagem. 

Se a observação for de espécies de mata densa, no entanto, o flash da câmera precisa do reforço de uma luz mais potente, capaz de iluminar aves a mais de 10 metros. 
Confira, portanto, se sua câmera tem saída para flash adicional, que precisa ser acoplado para disparar sincronizado com a foto. 

Na escolha do flash, verifique o alcance da luz (pelo menos até 20 metros) e as possibilidades de difusão e mudança do ângulo. 
Em muitos casos, é bom não dirigir a luz do flash diretamente para a ave, mas iluminar o ambiente, de modo a não assustá-la logo ao primeiro disparo.

Cuidado com comidas prontas

Em áreas naturais, acostumar aves silvestres com alimentação artificial é facilitar sua captura por traficantes e caçadores. 
Ao invés disso, ajude a conservar a área e sua vegetação, para que as aves tirem delas tudo o que precisam, incluindo água. 

Se puder, plante árvores de flores e frutos ao invés de oferecer alimentos prontos para consumo. 
Em áreas urbanas ou urbanizadas, comedouros e bebedouros são bem-vindos, pois complementam a oferta de alimentos naturais, geralmente insuficiente.

Rio - Paraíso de observação de aves

Os birdwatchers cariocas, de fato, podem se considerar privilegiados. 
Situada na Mata Atlântica, a cidade tem mais de 630 espécies de aves catalogadas — é quase o mesmo número que os Estados Unidos abrigam em todo o seu território!
Há pontos de observação em meio ao caos urbano, como o Jardim Botânico e a Floresta da Tijuca, excelentes para aves florestais. 

Já para aves marinhas e limícolas, aquelas que gostam das áreas úmidas, destaca-se a região de Guaratiba, com seus brejos, áreas alagadas e manguezais.
O Rio registra quase metade das 1.800 espécies do território brasileiro. 
O Brasil, aliás, é o segundo em diversidade de aves no planeta, atrás apenas da Colômbia.

Apesar das vantagens, o interesse pelo Birdwatching, contudo, ainda é recente por aqui. 
Se no final do século XIX os americanos já se reuniam em clubes especializados, o primeiro Clube de Observadores de Aves brasileiro foi inaugurado apenas em 1974, no Rio Grande do Sul (a seção do Rio, criada por iniciativa do fotógrafo de natureza Luiz Claudio Marigo, teve que esperar até 1985).

Nos últimos anos, a fotografia digital e a cultura de compartilhamento da internet revolucionou a prática. Agora, há muito mais facilidade de registrar o que se vê. 
Tangará - um símbolo

Se antigamente o observador original era aquele que não se separava de seu binóculo e caderno de anotações, hoje observar e fotografar se misturam. 
Fóruns virtuais e sites colaborativos, por sua vez, permitem uma troca constante entre observadores amadores e ornitólogos profissionais.

Entre a comunidade dos birdwatchers, o site wikiaves.com.br, uma enciclopédia virtual e interativa dedicada exclusivamente aos pássaros, é o preferido para postar fotos. 
Já o xeno-canto.org armazena colaborações de outra atividade comum entre os adeptos: a gravação de cantos de diferentes espécies. 
Nessa área, a tecnologia também avançou, já que os gravadores atuais são menores e mais práticos.






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